Paciente abandonado: o que falta esclarecer no descaso com homem sem pernas deixado na calçada por hospital

A situação de um paciente do Hospital municipal Pedro II, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, causou revolta em quem passava pelo bairro nesta segunda-feira. O homem, sem as duas pernas, estava deitado sobre a calçada usando fralda e sonda ao lado de um poste. Segundo a unidade de saúde, a situação aconteceu depois que “funcionários atenderam a pedido do usuário para ser levado para fora”, mas que, após perceberem que ninguém iria buscá-lo, o homem foi mantido “sob guarda”, mesmo contra a sua vontade. Confira abaixo o que falta ser esclarecido sobre o caso.

Quem o deixou no hospital?

Um abrigo de Búzios, cidade da Região dos Lagos, foi a instituição responsável por deixar o paciente no Hospital Pedro II, segundo a direção da unidade. No entanto, de acordo com a nota, não foi informado que abrigo é esse, nem se a pessoa que transportou o homem ao hospital foi identificada.

Como não havia indicação médica?

Sem as duas pernas, o homem foi deixado sobre o cimento da calçada, de fralda e fazendo uso de sonda. Deitado ao lado de uma garrafa d’água e um poste, ele ainda, com a barriga de fora, mostrava um curativo acima do umbigo.

Apesar da cena, de acordo com a direção do Pedro II, não havia “qualquer indicação de atendimento médico” no momento em que o homem foi deixado no hospital. Funcionários teriam atendido a pedido do paciente para que fosse levado para fora da unidade.

Procurada pela reportagem, a Secretaria municipal de Saúde (SMS) informou que o hospital ressalta que esse “não é o procedimento da unidade”. Ainda de acordo com a pasta, “há um processo de apuração dos fatos em andamento e os dois funcionários que levaram o homem para fora do hospital foram demitidos”.

Quem é o paciente? Algum familiar foi encontrado?

O homem, que não teve a identidade revelada, negava-se a permanecer dentro do hospital, de acordo com a direção do hospital. Ele teria justificado que “teria alguém para buscá-lo” ao pedir que o levassem para fora do Pedro II.

“Ao ser observado que não havia ninguém para buscá-lo, mesmo contra a vontade do usuário, a unidade o mantém sob guarda, até que o Serviço Social consiga encaminhá-lo para uma instituição de acolhimento, uma vez que não tem familiares próximos para recebê-lo”, informa a nota da direção do hospital.

Relembre o caso

A cena chocou quem passava pela rua nesta segunda-feira. Segundo a professora Tatiana Cristina Borges, de 44 anos, pessoas que viram a cena chegaram a chorar e compraram comida para ajudar o homem, que foi encontrado fora da unidade.

— Nós o encontramos um pouco mais longe da porta do hospital. Os lojistas que estavam lá contaram que os maqueiros falaram que iam deixar em um lugar mais distante para não dar problema para eles. Acontece que a gente que levou ele para a porta. Ele estava de fralda, de sonda, sem condições de resolver nada. Deixaram ele ali podendo pegar uma infecção generalizada, sem amparo — revolta-se Tatiana, que conta que procurou a coordenação da unidade. — Eles me falaram que ele não queria ligar para a família e foi uma escolha dele ir embora. Porém, o homem me contou que a assistente social disse que não poderia fazer mais nada por ele e que ele estava ocupando o leito de uma pessoa que precisava.https://extra.globo.com/

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